Counani



A situação econômica da Guiana, que nunca fora boa, era péssima desde a abolição da escravatura, em 1848, por Napoleão III. No Aprouague, no Sul da Guiana, o antigo sonho do ouro, que havia perseguido os guianenses desde os primeiros tempos, obcecava alguns. Félix Coüy um comerciante e funcionário local interessado conseguiu a ajuda do brasileiro Miguel Vicente. Este último buscou o patrocínio e ajuda de um comerciante português no Pará, Jardim de Lisboa. Surge assim Paulino, um dos empregados de Lisboa que havia trabalhado em Ouro Preto. Em 1854, Paulino descobre, no riacho Aprouague o primeiro ponto economicamente interessante. No ano seguinte, ele mostrou as primeiras 60 gramas de ouro que encontrou, a um antigo cônsul da França no Pará, Prosper Chaton.

Foi anarquicamente, sem ter quem bancasse grandes investimentos, que começou a exploração. Só aos poucos as primeiras companhias com investimento europeu começaram a surgir. Começaram também as primeiras imigrações de hindus, já presentes na Guiana Inglesa. Só na década de 1860 a situação se reverte, começa a entrar muito dinheiro em Caiena. Félix Coüy foi assassinado em 1863 por um brasileiro, Paiva, logo condenado à morte e executado. Paulino continuou algum tempo como o personagem decisivo na busca do ouro. Mas logo foi substituído por pessoas com maior experiência e conhecimentos técnicos. Com a época das empresas não se teve mais noticias suas.

A busca do ouro se concentrava no Aprouague, mas se estendia aos rios próximos. Era a serra que continha o ouro. Muitos garimpeiros se instalaram no território contestado. Prosper Chaton fizera renascer a localidade de Counani desde 1858, tornando-a uma base para garimpeiros. Aí criou um sistema de capitania, constituído por um primeiro e um segundo capitães e um brigadeiro. Esta instituição se estendeu à pequena Amapá. Não havia uma formalização de estrutura de governo. A autoridade que se esperava que viesse do governo francês, no entanto não a exercia, nem podia exercer, em razão do estado de neutralidade do território.

Em 1885, um grupo de aventureiros franceses proclamou a caricata República de Counani, que se estendia do Oiapoque até o Araguary, exatamente na região contestada pela França. Esses homens elegeram presidente vitalício do Estado, o cientista francês Jules Gros, romancista e membro da Sociedade de Geografia Comercial de Paris, que vivia no sul de Paris. Instalando-se com um aparato caricato, Gros dedicou-se a encontrar apoio politico e principalmente apoio financeiro. Nomeou um Ministério, com Jean-Férreol Guigues como presidente do Conselho e Paul Quartier como Ministro de Obras Públicas. Instituiu títulos honoríficos, muito valorizados e abertamente vendidos. Emitiu moeda, cédulas e selos. Editou um diário oficial Les Nouvelles de France et des Colonies, Journal Officiel de la République “La Guyane Indépendante” e criou as armas e bandeira de Counani.. Mas aquilo que poderia se consolidar numa República Independente malogrou perante as deficiências geográficas e jurídicas. A aventura teve duração efêmera embora Gros houvesse constituído o governo, criando a Ordem da Cavalaria Estrela de Counani, para condecorar os simpáticos à causa, o que rendeu bons proventos financeiros pela larga e bem paga concessão que dela fez o esperto "chefe de Estado". Enfim, eles providenciaram tudo para que o mundo reconhecesse o novo país incrustado no meio equatorial e se expôs ao ridículo.

Pelo lado francês, em 1886 é nomeado, um negro de meia-idade, baixo e de boa musculatura, chamado Trajano Supriano Benitez, escravo fugitivo de Cametá (no Pará) que ali chegou para aventurar a sorte, atraído pelas notícias que propagavam a fartura de ouro no Calçoene. Trajano deve ter preferido morar no Counani porque a maioria da população era negra. Ele começou, então, a se meter em assuntos que envolviam a vida comunitária, mostrando logo sua vocação política. O governo francês estava precisando de um indivíduo popular e simpático às pretenções francesas, e Trajano era tudo isso. Não demorou muito estava ele liderando quase toda a extensão das ribanceiras do Counani, contestando abertamente a autoridade brasileira que governava a vila do Espírito Santo do Amapá e lugares próximos. Recebeu de Caiena o título de Representant dês Intérets Français à Counani e aí é que se encheu de dedos.

Em 23 de outubro de 1886 (ou segundo Coudreau, em agosto), o então capitão de Counani, Trajano Benitez proclamou: “Eu Trajano, capitão chefe do rio Counani, Chefe da Capitania da Guiana Independente, em nome e delegado pelos principais negociantes e pela maioria dos habitantes declaro o que segue: 1) Organizar no nosso País um governo que será República e reconhecido depois pelas duas potencias, a França e o Brasil. 2) O governo em questão já tendo sido declarado e proclamado em mais de 10 reuniões públicas as quais assistiu o Sr. Jean-Férreol Guigues, explorador. Segue-se que queremos: A) nos reger pelas leis francesas, quer dizer que adotamos o código francês como legislação de nosso país. B) que a língua francesa seja a língua governamental. C)... nosso presidente, o Dr. Jules Gros... Nossa república tenha sido declarada... pedimos a proteção dos Estados vizinhos. Viva a França. Viva a República da Guiana Independente...”.


O primeiro selo da república de Counani foi um 25 cêntimos, supostamente emitido em junho de 1887, possuindo um desenho grosseiro, mau acabamento, não denteado, com cruzes (X) nos cantos e a inscrição do valor "25 Cs" invertida.

O governo francês, ante o escândalo que representava tal façanha, em 2 de setembro de 1887 resolveu acabar com ela. A República do Counani era tão caricata, tão de brincadeira, que a maioria dos ministros nomeados por Jules Gross não arredou os pés de Paris, até por causa do pavor irradiado por algumas paragens sul-americanas, como a nossa. Portanto, não foi difícil desestabilizá-la.

Jules Gros continuou a se declarar presidente da República de Counani até 1891 quando morreu. Após a morte de Jules Gros, entrou em cena Adolphe Brezet. Foi soldado na Guiana aos 26 anos e como o antecessor era muito vaidoso. Levou o cargo a sério e emitiu os selos na seguinte ordem:
1ª Série em janeiro de 1893 ou segunda emissão do Counani
Essa emisão, que jamais foi vista, consistiu de 6 selos com o mesmo desenho da primeira mas com valor de 5 cêntimos em vez de 25 cêntimos, com o ano de 1893 abaixo da palavra Liberté e com pontos nos lugares das cruzes, impressos com tinta preta em papeis coloridos não brilhantes (opacos). Cada cor de papel representava um distrito postal: magenta (violeta escuro) - Caciporé; branco (azul violeta) - Curipi; verde - Lagune = Amapá; laranja Saint-marie = Counani; azul claro (azul escuro) - Ouassa e branco - Rocaoua

2ª Série em junho de 1893 ou terceira emissão do Counani
Consistiu também de 6 selos, os mesmos da emissão de janeiro e porém com uma diferença sai o branco do distrito de Rocaoua e no seu lugar entra um selo para Calçoene na cor vermelha em papeis nas mesmas cores porém brilhantes (esmaltados) coloridos. 3ª Série em agosto de 1893
Correio Oficial, com sobrecarga "PRESIDENCE" NOS 6 valores
4ª Série em setembro de 1893 - Taxas, Registro

Em princípios de 1893 a vida em Counani volta à normalidade, e o episódio da Primeira República parece que foi esquecido. A maioria da população, formada por brasileiros, vivia da coleta de especiarias, da pesca nos lagos e do fabrico de grude de peixe para um comércio manhoso. Dois garimpeiros brasileiros e naturais de Curuçá, no Pará, os irmãos Germano e Firmino Ribeiro, após tanta procura, descobriram ouro na bacia do rio Calçoene.

em Lourenço, os ânimos passam a se acelerar mais na região do Contestado e começa a modificar o quadro, isto causou uma verdadeira corrida sem precedentes, com aventureiros de todas as nacionalidades invadindo a região, a população, em poucos meses, de 600 habitantes chegou a 5 mil, só em Counani. A descoberta do referido metal também provocou um crescimento desordenado, aumentando inclusive a violência e os problemas de saúde em consequência pela falta de saneamento. Sabedor do achado do ouro, o governador da Guiana Francesa, Mr. Charvein, cuidou logo de colocar um representante da França baseado no Amapá (àquela época vila). Assim, Eugene Voissien é escolhido para assumir a função de delegado da região contestada, representando os interesses da França. Com essa regalia, Voissien passa a fiscalizar a região. facilitando assim todo o trabalho de coleta do ouro, que era desviado para o lado francês, que se arvorava na cobrança de altas taxas de impostos e que veio mais tarde proibir o acesso de brasileiros à área aurífera, franqueando o direito apenas aos "crioulos" de Caiena. Esse período, que vai de dezembro de 1893 até novembro de 1894 é, para alguns brasileiros um período de intranquilidade, pois incontáveis vezes alguns garimpeiros foram aprisionados por Voissien, que alegava a prática do contrabando. Outros achavam que tais denúncias eram vazias, defendendo um pouco a imparcialidade discutida de Charvein.

Com a situação criada por Voissien, os amaparinos começaram a reagir e o primeiro passo foi cassar os direitos do representante francês. Assim, a população reunida em 26 de dezembro de 1894, depôs Voissien e criou um governo triúnviro, do qual assumiram o cônego Domingos Maltez na presidência, tendo como vices Francisco Xavier da Veiga Cabral e Desidério Antonio Coelho. A sugestão do Triunvirato foi de Desidério que, escolhido no dia 10 do mesmo mês para ser o líder de um governo independente no Amapá, sugeriu uma nova reunião para que a administração passasse a ser exercida por três pessoas. No dia seguinte é criado o Exército Defensor do Amapá, para tentar garantir a ordem no local. A formação do governo triúnviro é comunicada em seguida a Belém.

Com o afastamento de Adolphe Brézet, aventureiro que se dizia presidente de Counani, em 1894, logo outro chamado Albert Franken passou a se arvorar presidente de Counani.

O cônego Domingos Maltez, no dia 19 de fevereiro de 1895, deixa a presidência do Triunvirato e assume, em seu lugar, o vice, Cabralzinho. Uma das primeiras providências tomadas por Cabral foi atender a uma carta assinada pela população de Counani relatando o ressurgimento de Trajano na vila de Counani, Trajano continuava com suas atitudes de perseguição aos brasileiros que se fixassem por lá, chegando até mesmo a rasgar a bandeira brasileira e, em seu lugar, fazer tremular a francesa, sob os acordes de Marselha.

Sem procurar instaurar qualquer inquérito, o que era de praxe nessas situações, Cabralzinho enviou uma guarnição a Counani para mandar intimar e prender Trajano. Foi encarregado da missão o major Félix Antonio de Souza, que levou consigo uma proclamação oficial do Triunvirato aos brasileiros daquele distrito.

No dia 15 de maio de 1895, uma quarta-feira, a população adulta se encontrava nos seus afazeres diários, seja no centro da vila, seja no campo, tomando conta do gado ou das "tarefas da roça". Cabralzinho encontrava-se em sua casa descansando, próximo à Igreja, pois havia chegado de madrugada de uma viagem que fizera, para atender a uma criança doente na região dos Lagos.

Os franceses desde cedo vinham subindo o rio Amapá Pequeno, a bordo da canhoneira Bengali, pilotada por um brasileiro de nome Evaristo Raimundo, com 80 "gendarmes" da Legião Estrangeira comandados pelo capitão-tenente Lunier chegaram para obedecer às ordens do governador de Caiena, Mr. Charvein, que queria a prisão imediata de Cabralzinho e que o levassem para Caiena, caso este não colocasse em liberdade o "delegado" francês Trajano, que havia sido feito prisioneiro do Exército Defensor do Amapá, uma força paramilitar comandada por Cabralzinho.

Os invasores desembarcaram às 9 horas e foram logo em direção à residência de Cabralzinho. A casa foi cercada por uma patrulha enquanto que outra vinha do outro lado, deixando um rastro de mortes entre velhos, mulheres e crianças amaparinas.

As declarações do capitão Lunier foram ouvidas com bastante clareza. Diante da negativa de Cabralzinho, formou-se o combate. Com poucos minutos os amigos de Cabral começaram a vir. Se Cabralzinho matou ou não Lunier com a própria pistola do gendarme francês, agora o fato não interessa e talvez por causa da morte de seu comandante, os franceses começaram a lutar descontroladamente, e preocupados com a baixa da maré que provocaria, com certeza, o encalhe da embarcação, que tinha casco muito fundo, acabaram fugindo na canhoneira. O conflito demorou menos de duas horas, a invasão à vila de Amapá, sede do Triunvirato, deixou um saldo de dezenas de mortos e feridos do lado brasileiro, alguns soldados do lado francês e a morte do capitão Lunier.

No Brasil a Imprensa se movimenta com protestos contra a pretensão do governador de Caiena, Mr. Charvein, em pretender fuzilar os brasileiros levados prisioneiros pelos franceses. O próprio governador de Caiena coloca como prêmio de um milhão de francos a quem capturar vivo Cabralzinho. Em 25 de setembro de 1895, O governador Charvein, principal responsável pelo massacre de Lunier ao Amapá em 15 de maio, é demitido e substituído por Mr. Lamothe, que recebe autorização para devolver, imediatamente, as bandeiras brasileiras e os prisioneiros encarcerados, para partirem no primeiro navio a sair de Caiena.

A reação dos brasileiros e o massacre de amapaenses ocorrido na vila apressou de uma vez a resolução do conflito do Contestado, em 1897, com Trajano preso, José da Luz Sereja se tornou o capitão da vila do Cunani. Ele será o interlocutor entre a delegação francesa, designada em 1897 para participar da Comissão Mista de Administração, e a delegação brasileira. A comissão, reunindo franceses e brasileiros, tinha a intenção de regulamentar o contencioso do Contestado. Contudo, o rápido crescimento da vila, a diversidade de imigrantes e a animosidade entre as delegações francesas e brasileiras geraram problemas de convivência com assassinatos, roubos e outros tipos de violência.

A resolução do contencioso do Contestado, em 1900, pela arbitragem suíça, que definiu o rio Oiapoque como limite da posse entre brasileiros e franceses, põe fim à presença oficial dos franceses na região e na vila do Counani, mas não às relações comerciais e à presença de moradores guianenses. Um termo de compromisso assinado no Rio de Janeiro, em 10 de abril, pelos delegados do Brasil (Ministro Gabriel e Piza) e da França, confiava a resolução do Contestado á arbitragem do presidente da Confederação Suíça, Walter Hauser, e o advogado Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos), especialista experiente em questões de fronteiras, é escolhido para defender o Brasil. Este encargo foi confiado, primeiramente, a Ruy Barbosa, mas este hesitou em assumir a questão, indicando como mais experiente que ele nesses assuntos, seu colega Barão do Rio Branco.

Após inúmeros estudos e conferências, a sentença foi pronunciada pelo governo suíço, três anos mais tarde, isto é; em 1º de dezembro de 1900, fixando ao Brasil a posse definitiva da região contestada, que se situava entre o Oiapoque e o Araguari. A data de lº de dezembro ficou consolidada como o nascimento do Amapá como parte territorial integrativa. Fixada a fronteira entre o Brasil e a Guiana Inglesa, mais uma vez parte do pretendido território da Republica foi definido como brasileiro. .Em 1901, novamente Adolphe Brézet se declara presidente de Counani em substituição a Albert Franken. A 25 de fevereiro de 1901 um decreto legislativo do governo Campos Sales incorporava o território contestado ao estado do Pará. Mas desde 21 de janeiro o governador Pais de Carvalho decretaria a incorporação ao Estado, do território que se achava em litígio. Para o território, que recebeu o nome de Aricari, foi enviado Egidio Leão de Sales, que em fevereiro vai ao Calçoene, onde as bandeiras estrangeiras são arriadas.

Fixada a fronteira entre o Brasil e a Guiana Inglesa em junho, mais uma vez parte do pretendido território da república (que iria até o rio Negro) foi definido como brasileiro.

Preocupado com a colonização da região, o governo do Pará, com o aval do governo brasileiro, nomeou um Conselho de Intendência, que passou a vigorar a partir do dia 30 de abril de 1902. Para isso, foram escolhidos o capitão Amaro Brasilino de Farias (presidente do Conselho) e os membros Joaquim Félix Belfort, Daniel Ferreira dos Santos e Manoel Agostinho Batista, que assumiram seus cargos respectivos no dia 15 de maio. Em maio de 1902, Adolphe Brézet, tentando restaurar a República de Gross, começou a encaminhar ofícios à região de Counani, comunicando uma nova proclamação, e as nomeações de Félix Antonio de Souza, Antonio Napoleão da Costa e João Lopes Pereira para seu ministério. O plano de Brézet foi imediatamente denunciado por Daniel Ferreira dos Santos ao intendente Brasilino, que baseado em farta documentação, escreveu imediatamente ao coronel João Franklin Távora que a essas alturas se encontrava em Belém. Este levou o incidente imediatamente ao conhecimento do Governo do Pará que, em seguida, instruiu o primeiro prefeito de Belém, Henrique Lopes de Barros, para ir pessoalmente, acompanhado de uma força policial de 33 praças, comandadas por um oficial, para proceder as sindicâncias necessárias.

Ao desembarcar no município de Amapá, em julho de 1902, o prefeito tratou logo de prender os ministros de Brezet que estavam reunidos na residência de Antonio Napoleão, um deles. Ali foram encontrados vários exemplares em português e francês, de propaganda e legislação da nova República de Brezet. Colocando um policiamento ostensivo em todo o município, e com a ajuda daprópria população, Henrique Barros se dirigiu em seguida à vila de Counani, e conseguiu a prisão de mais dois envolvidos: José da Luz e Raimundo Rodrigues Brasil.

Todos foram encaminhados à Comarca de Aricari, na sede municipal (Amapá), e colocados à disposição da Justiça. Os inquéritos duraram 15 dias. Após sua conclusão, os revoltosos receberam umas lições de civismo, e em seguida foram colocados em liberdade.

Quanto a Brezet, ele resolveu ficar mesmo em Paris, caladinho, em recolhimento. Brézet continuou a fingir e se afligir. Mesmo assim não desistiu. Emitiu selos fiscais em outubro de 1903 e do Tesouro em janeiro de 1905, todos sem a palavra República. O dinheiro auferido com a venda destes selos foi empregada para retomar o estado de Counani.

Com apoio inglês, espanhol e colonos ele montou um exército, o pretendido presidente tentou montar uma expedição militar e em 1908 fracassou na retomada da região. Os governos de Brasil, França e Inglaterra agiram para impedi-la. Com o passar do tempo, Brézet se mudou de Paris para Londres e viveu caricatamente dando entrevistas e vendendo concessões. Para facilitar sua tarefa publicou uma série de Livres Rouges du Counani, volumes de propaganda e aberta ficção. Nele sustentava, por exemplo, ter derrotado, com pesadas baixas para os invasores, as tropas brasileiras que tentavam fazer cumprir o laudo suíço. As baixas teriam se dado não só no norte, mas até mesmo em Macapá. O Vaticano teria designado um delegado apostólico para Counani; e em agosto de 1903 teria sido firmado um acordo com as Guianas Inglesa e Francesa sobre o tráfego de navios com a bandeira do Counani. Ele deixou a pseudo-presidência em 1911 e seria supostamente sucedido por Jules Gros Jr, que acabou esquecido. Mas a Republique du Counani há muito era uma ficção.

Hoje, Counani é apenas uma lembrança que faz parte da História do atual estado do Amapá, cuja capital Macapá é a única capital brasileira no Hemisfério norte do planeta. Ficaram como lembrança os selos de Counani, pois a filatelia guarda, resgata e ensina. Os selos do Counani se tornaram raridade filatélica; a coleção do Sr. Joaquim Marinho, de Manaus, inclui muitos deles, aqui uma seleção:
Selos de 1893

Nenhum comentário:

Postar um comentário